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LÍNGUA PORTUGUESA
LÍNGUA PORTUGUESA

Um texto interessante sobre ensinar Língua Portuguesa

Há alguns anos atrás o  processo de aprendizagem da Língua Portuguesa era realizado em dois estágios, como bem pontuam os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs). O primeiro ia até a criança ser alfabetizada, aprendendo o sistema de escrita. E o  seguinte começaria quando ela tivesse o domínio básico dessa habilidade e seria convidada a produzir textos, notar as normas gramaticais e ler produções clássicas.

Hoje o ensino não é mais visto como uma sucessão de etapas, e sim um processo contínuo. "O aluno precisa entrar em contato com dificuldades progressivas do conteúdo. Desse modo, desenvolve competências e habilidades diferentes ao longo dos anos", segundo Maria Teresa Tedesco, professora do Colégio de Aplicação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).

As situações didáticas essenciais para o Ensino Fundamental passaram a ser: ler e ouvir a leitura do docente, escrever, produzir textos oralmente para um educador escriba (quando o aluno ainda não compreende o sistema) e fazer atividades para desenvolver a linguagem oral, além de enfrentar situações de análise e reflexão sobre a língua e a sistematização de suas características e normas.

Expectativas de aprendizagem em Língua Portuguesa do 1º ao 9º anos

Ao fim do 5º ano, é importante que o aluno saiba:
- Compartilhar a escolha de obras literárias, a leitura, a escuta, os comentários e os efeitos das obras lidas com colegas.
- Usar o conhecimento que tem sobre os autores para interpretar o texto.

- Perceber no texto lido a relação entre propósito e gênero de que faz parte.

- Planejar o texto antes e enquanto está escrevendo, levando em consideração o propósito, o destinatário e a posição do enunciador.

- Consultar outros materiais de leitura que colaborem para a elaboração do texto. Revisar a própria produção enquanto escreve, refazendo diversas versões para elaborar um texto bem escrito e tomando decisões sobre a apresentação final dele.
- Buscar e selecionar informações, reunindo material sobre um tema, decidindo que textos serão escolhidos e registrando por escrito aspectos importantes encontrados.

- Aprofundar e reorganizar o conhecimento, fazendo resumos com as idéias principais do texto lido e relacionando as informações lidas com o propósito estabelecido.

- Elaborar textos escritos para explicitar o que aprendeu e preparar exposições orais.

- Narrar oralmente fatos do cotidiano, compartilhando opiniões e debatendo temas polêmicos.

- Informar-se sobre notícias divulgadas em jornais e revistas e prestar atenção em como a publicidade comporta-se, refletindo, identificando o destinatário e discutindo sobre o que vê.

Ao concluir o 9º ano, é desejável que o estudante esteja apto a:

- Ler individualmente e em grupo, conhecendo os clássicos e identificar recursos linguísticos, procedimentos e estratégias discursivas para relacioná-los com seu gênero.

- Fazer parte de situações sociais de leitura, como as discussões sobre obras lidas e a indicação das apreciadas.

- Escrever breves ensaios sobre obras literárias, expressar seus pontos de vista frente ao texto e levantar argumentos.
- Aprofundar-se sobre determinado autor, lendo suas obras, confrontando-as com interpretações, consultando textos sobre a vida e a produção dele, e explorar o estilo e os temas mais abordados por ele.

- Buscar informações, selecionando estratégias de leitura conforme os propósitos específicos.

- Complementar textos com informações provenientes de outras produções escritas, usando estratégias próprias de cada gênero.

- Organizar debates sobre temas de interesse geral e participar dele registrando dados de várias fontes.

(Fonte: Nova Escola)

 

"Ensinamos linguagem, não para “descobrir” o verdadeiro significado das palavras ou dos textos, nem para conhecer estruturas abstratas e regras de gramática, mas para construir sentidos, sempre negociados e compartilhados, em nossas interações. Nosso conceito de natureza e de sociedade, de realidade e de verdade, nossas teorias científicas e valores, enfim, a memória coletiva de nossa humanidade está depositada nos discursos que circulam na sociedade e nos textos que os materializam. Textos feitos de gestos, de formas, de cores, de sons e, sobretudo, de palavras de uma língua ou idioma particular. Assim, a primeira razão e sentido para aprender e ensinar a disciplina está no fato de considerarmos a linguagem como constitutiva de nossa identidade como seres humanos, e a língua portuguesa como constitutiva de nossa identidade sociocultural.

Do ponto de vista psicossocial, a atividade discursiva é espaço de constituição e desenvolvimento de habilidades sociocognitivas, de apropriação de conhecimentos e de culturas necessárias à inserção e ao trânsito social. Ao se constituir e se realizar no espaço eu-tu-nós, sempre concreto e contextualizado, a linguagem nos constitui como sujeitos de discurso e nos posiciona, do ponto de vista político, social, cultural, ético e estético, frente aos discursos que circulam na sociedade. A língua não é um todo homogêneo, mas um conjunto heterogêneo, múltiplo e mutável de variedades, com marcas de classes e posições sociais, de gêneros e etnias, de ideologias, éticas e estéticas determinadas. Nesse sentido, ensinar e aprender linguagem significa defrontar-se com as marcas discursivas das diferentes identidades presentes nas variedades lingüísticas. Significa tornar essas variedades objeto de compreensão e apreciação, numa visão despida de preconceitos e atenta ao jogo de poder que se manifesta na linguagem e pela linguagem."

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